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Resíduos reciclados se transformam em revestimentos na construção

“O lixo é um erro de design”, diz o manifesto do projeto Ideia Circular. Baseada no conceito de Cradle to Cradle (“do berço ao berço”), a iniciativa da arquiteta Léa Gejer e a designer Carla Tennenbaum propõe discutir a Economia Circular com a filosofia de que os produtos devem já ser elaborados de forma que possam ser reutilizados.

Enquanto essa premissa ainda não é a regra do mercado, o universo da arquitetura e da construção civil vem, cada vez mais, dando provas de como dar novos usos ao material que seria descartado. No segmento de revestimentos, por exemplo, a fabricação de produtos de alta qualidade usando resíduos de outros setores é destaque.

Garrafas plásticas

É o caso das garrafas PET recicladas, que são a principal matéria-prima das pastilhas da marca Rivesti: 85% de sua composição. Além disso, os produtos contêm aditivos minerais reaproveitados, são isentos de metais pesados e contaminantes e, no fim de seu ciclo de vida, também podem ser 100% reciclados.

Com 33 opções fixas de cores e ainda a possibilidade de personalização, cada metro quadrado das pastilhas evita a emissão de 3 quilos de dióxido de carbono na atmosfera e retira 66 garrafas PET do meio ambiente.

A fabricante, especialista em revestimentos ecológicos, é membro efetivo do Green Building Council, organização que atua globalmente no fomento da indústria de edificações verdes e na gestão de projetos para certificação ambiental.

Isopor

Há 20 anos, a empresa Santa Luzia desenvolveu uma tecnologia própria para substituir 98% da madeira em sua produção. No lugar, ela passou a reciclar plástico poliestireno expandido – conhecido pela sigla EPS e popularmente chamado de isopor –, transformando-o em novos produtos.

Desde então, mais de 68 mil toneladas de resíduos de EPS já foram convertidas em material de construção sustentável (rodapés, rodatetos, guarnições, rodameios, revestimentos e decks). Segundo cálculos da empresa, isso equivale a 268 mil carretas de lixo ou 523 campos de futebol. Se o insumo principal ainda fosse madeira, 270 mil árvores teriam sido derrubadas para atender às demandas de fabricação.

A matéria-prima vem do descarte de fabricantes de refrigeradores, veículos e pranchas de surfe, ou de cooperativas de catadores de lixo, em um trabalho que envolve 136 cooperativas e mais de 2.500 trabalhadores em sete estados.

Conchas de sururu

O arquiteto Marcelo Rosenbaum, o designer Rodrigo Ambrósio e o Instituto A Gente Transforma desenvolveram o Cobogó Mundaú, feito da concha de sururu, molusco comum na culinária da comunidade do Vergel, em Maceió.

O projeto nasceu para dar uma destinação às 200 toneladas de conchas descartadas como rejeito após a pesca, que se acumulavam todos os meses nas margens da Lagoa Mundaú, gerando um problema ambiental e de saúde pública.

As conchas trituradas substituem a areia na composição com o cimento. Após oficinas e experimentações, chegou-se a uma mistura com 70% de conchas e 30% de cimento, moldada em formas também fabricadas com material reciclado pelo artesão Itamácio Santos.

Produzidas de maneira artesanal na comunidade, as peças de cobogó ganharam escala industrial com o apoio da Pointer, marca de design democrático da Portobello.

A iniciativa integra o projeto Maceió Inclusiva Através da Economia Circular, uma parceria da prefeitura de Maceió, o Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Lab) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS).

Lixo eletrônico

Há 16 anos, a Lepri, fabricante de cerâmicas, reutiliza lixo eletrônico, como vidro de lâmpadas fluorescentes e monitores de TVs e computadores, para criar seus produtos. Esse material, que chega à fábrica já descontaminado, é moído e trabalhado em laboratório para entrar na composição da massa e do esmalte dos pisos e revestimentos.

Além de dar destinação útil ao lixo eletrônico, o processo também reduz a emissão de poluentes, já que diminui a temperatura de queima dos revestimentos. E confere maior resistência aos produtos da empresa, que hoje tem 99% de suas linhas fabricadas com material descartado.

Outra iniciativa de destaque foi o desenvolvimento de uma técnica para aproveitar rejeitos de mineração, a partir da lama da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Desde 2016, a Lepri retira material do local e leva para seu parque fabril no interior de São Paulo. Hoje, cerca de metade dos produtos é feita com a lama de Mariana.

Material não reciclável

Outras indústrias, fora do mundo da construção, também têm dado sua contribuição. A JBS, líder global no setor de proteína, é um exemplo. A companhia desenvolveu o chamado Piso Verde.

Resistente, o revestimento é próprio para pavimentação de ambientes externos, como de pátios. Só que, em vez de concreto, é fruto de um processo inovador para reaproveitar material de difícil reciclagem, como aparas de embalagens multicamadas (PVDC) e plástico utilizado em produtos in natura embalados a vácuo.

“O conceito de Economia Circular é fundamental para a sustentabilidade das operações da JBS e estamos em constante ação para identificar oportunidades”, diz Susana Carvalho, diretora da JBS Ambiental.

O Piso Verde está sendo usado na pavimentação de obras da própria JBS em todo o país. Apenas em Lins, na unidade matriz da JBS Ambiental, foi aplicado em uma área de 2,2 mil metros quadrados, o que corresponde a mais de 5 toneladas de aparas plásticas que deixaram de ir para aterros.

O piso desenvolvido pela JBS é fabricado com resíduos de material que não poderia ser facilmente reciclado.

Matéria adaptada do portal:: https://blogdaliga.com.br/

Para ler a matéria na íntegra acesse: https://blogdaliga.com.br/residuos-reciclados-construcao-civil/

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